É particularmente interessante como muitos autores e pensadores da psicologia diferentes chegam em conclusões e propõem explicações similares para os comportamentos humanos, mesmo quando partem de escolas de pensamento tão distantes umas das outras. No “Mapas do Significado” de 1999, o psicólogo pop canadense diversas vezes operacionaliza simbologia, mitologia e a psicologia analítica de Gustav Jung ao longo do livro, descrevendo-as em termos comuns das psicologias comportamental e cognitiva.
No highlight acima, Peterson articula que quando nos encontramos em situações cujas resoluções já nos são conhecidas (fazem parte do nosso repertório selecionado filogenética, ontogenética e culturalmente), sabemos como proceder, não há conflito, e a situação não é estressora – ao menos, não tanto. O familiar tem valor definido.
A novidade é, por definição, estressora, pois não tem valor definido, não é estímulo discriminativo. Mas ao mesmo tempo inferimos valor e avaliamos um significado para a novidade, baseando-nos em nossas experiências anteriores – por fenônemos como generalização, equivalência de estímulos, teoria das molduras relacionais etc – e pela própria experiência com a novidade em si. Um comportamento novo passa a ser, então, uma reorganização original de comportamentos já instalados para, enfim, ser uma expansão do repertório comportamental – tal qual boa parte dos jogos eletrônicos cujos estágios mais avançados apresentam novas dificuldades que são uma expansão do que já foi treinado em estágios mais iniciais.
Uma tragédia pessoal inesperada – como a demissão ou a perda de um ente querido – surge como o não familiar, é novo e não sabemos como lidar. Porém, é a partir das saídas conhecidas, das experiências vividas (e/ou compartilhadas) e do suporte social do presente que o desconhecido pode se tornar familiar.
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